sexta-feira, 8 de julho de 2011

Legalização ou não da maconha

“Acende, puxa, prende e passa, índio quer cachimbo, um quer fazer fumaça...” Num primeiro momento, esse trecho da música Cachimbo da paz de Gabriel Pensador, pode ser sugestivo ou uma apologia ao uso da maconha como algumas autoridades sustentam seus discursos. A cannabis sativa, a planta que é fumada por diversos grupos sociais, principalmente entre os jovens, ganha espaço nas discussões do Congresso e nas repercussões da mídia. Até o Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil, apóia a descriminalização e o uso regulamentado da maconha, além de outras medidas. A Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, composta por diversas autoridades argumenta que a criminalização por si não diminui a demanda, mas implica a geração de novos problemas, com possibilidade de extorsão de usuários e corrupção pela polícia. Basta recordar o peso da discriminação para com o usuário dessa droga ou mesmo simpatizantes pela causa são alvos de censura e agressão, exemplo vivo durante uma passeata em São Paulo, onde os jovens foram silenciados e presos pela polícia. A maconha possui substâncias causadoras de dependência física, química e psicológica, por onde o usuário adquire sensações de calma, relaxamento, angústia, incapacidade de se orientar no tempo/espaço, perda da memória, alucinações, problemas respiratórios, câncer, além de outros agravantes sociais, diminuição das atividades profissionais, agitação psicomotora, aumento da ansiedade e irritabilidade, prejuízo a concentração durante atividades como dirigir um carro, por exemplo. Outro caso atrelado ao uso de maconha é o narcotráfico, onde há uma movimentação legitimando o consumo desenfreado, inserido numa teia de relações de poder entre cartéis do crime organizado. A discussão da regulamentação ganha corpo e voz, em que a inserção da maconha no meio social traz consigo a modificação dos estratos da sociedade como educação, saúde pública e segurança. Logo, enquanto não há uma legalização efetiva sobre o consumo da droga, a atenção primordial é voltada sobre o jovem, principal afetado na sociedade de consumo, onde o proibido ainda desperta fantasias e alimenta o comércio discriminado da cannabis entre os fornecedores. Como diz o trecho seguinte extraído da tese de doutoramento, Nobres e anjos – um estudo sobre tóxicos e hierarquia de Gilberto Velho: “Usar maconha é uma atividade aceita e definida como normal. Mas o seu uso intenso, cotidiano, incomoda e pode aparecer como desvio. Neste caso se exerce um controle social dentro do grupo capaz de identificar desviantes, manipulando categorias da cultura dominante como ‘louco’, ‘doente’ e até ‘viciado’.”

2 comentários:

  1. Leandro,
    Gostei muito do seu blog e dos textos postados aqui, muito atuais e que refletem problemas sociais.. Carpe Diem!
    Kleber J G Martins
    Sociedade dos Poetas Mortos

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  2. Primo, já havia lido este texto na tribuna e achei-o primoroso, com o perdão do trocadilho. Abç
    Camilo

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