sábado, 23 de julho de 2011

Depressão

“Que manhã estranha! Será que estou acordado ou afundado em meio ao sonho?” pensou.
Após alguns minutos de pensamentos turvos, levantou-se e fora ao banheiro para se lavar. Olhou atentamente para aquele rosto, envelhecido pelo tempo, em que o espelho, um pouco embaçado pela poeira, revelava um senhor de cinqüenta anos. “Ah, como era bom meus anos de juventude”, pensou Roberto. Em sua juventude, ele aproveitara intensamente, casou após os trinta e sua esposa falecera num acidente depois de três meses. Não tivera filhos. Só tivera amargura e desgosto após a triste tragédia. Jornalista desempregado vivia de algumas pequenas escritas.
Caminhou até a janela do quarto, olhou para rua, pouco movimentada naquele dia. As nuvens passeavam ao longo, enquanto o sol tardava para aparecer, estava nublado. “Que dia, hein, São Pedro?” Invocar nomes de santos nunca fora seu forte, pois era ateu. Tivera uma educação cristã, mas com os eventos da vida, abandonara sua fé. Fora até a escrivaninha, sentou-se sobre a velha poltrona vermelha e começou a escrever sobre algumas poucas folhas de papel. O tempo voava, Roberto deixou-se mergulhar no turbilhão de idéias. Após horas a fio, voltou à cama para repousar. Seus escritos perderam-se durante a mudança, sua vida esvaiu-se naquele apartamento.

2 comentários:

  1. O primo, até a poltrona é igual à minha. Em quem você se inspirou? rsrswrsr.
    Texto muito bom, descreve muito bem os fenômenos atmosféricos e metáforas que se entrelaçam com a história.
    Fico feliz de ver vc escrever tão bem assim.
    Camilo.

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  2. Mor...
    E aí! Cadê o final do texto???
    Bjus...
    ...Te Amo...

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