sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Praças públicas

Ao atravessá-la, percebeu que o tempo passará, e o abandono tomou conta de seus jardins. Ah, que saudade da praça, onde tivermos nossos amores, festa e parquinho para nossos filhos. Um pergunta, esconde a verdadeira intenção desse texto, o que aconteceu com as praças públicas? Um exemplo real de desleixo público, principalmente na questão da segurança, diz respeito à praça da matriz, localizada na Vila Resende, onde moradores de ruas habitam esse pequeno universo e reduto de terra.
A praça, na antiguidade, além de palco de verdadeiras disputas filosóficas, servia de sustento para diversos comerciantes. No cair da tarde, a ágora, como era chamada a praça, atraia o povo com espetáculos teatrais e musicais. Hoje, as praças são símbolos da decadência cultural, onde servem somente para o descanso temporário do serviço. A solidão do cair da tarde, somado com o trânsito das seis, revela e anuncia o véu da escuridão a cobrir as praças, tornando as mesmas perigosas e frias.
Novamente, as praças devem ser visadas e usadas pelo povo. Quem sabe, nossos governantes, enclausurados na selva de pedra, melhorassem as demais praças (não só a Praça José Bonifácio) com alguns eventos culturais como teatro, música, biblioteca itinerante, parque iluminado para as crianças... Logo, as praças guardam a beleza e a candura de espírito, foram feitas para alegria dos moradores ao redor e não para moradia de alguns andarilhos.
artigo publicado no dia 27 de jan de 2011 na Tribuna

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dor: quem a tem?

Diante de tantas catástrofes, chuvas torrenciais e alagamentos, a pergunta central será: o que é a dor? Dor é a experiência sensorial e emocional desagradável, subjetiva e pessoal, associada à lesão real ou potencial de tecido. Ao classificar a dor, percebe-se que a mesma pode ser somática (lesão de pele ou tecidos profundos localizados como um “corte” no braço com faca), visceral (abdominal ou torácica como apêndice inflamada) e neuropática (lesão no sistema nervoso como “perder” um dedo num torno mecânico devido a um acidente de trabalho).
Há dois tipos comuns de dor: a dor aguda, de fonte inflamatória, traumática ou infecciosa causando na pessoa uma mudança de postura e da expressão facial; e a dor crônica, como prolongamento da dor aguda, onde o organismo permite uma adaptação a esta situação, por exemplo, uma pessoa com diabetes, com o passar do tempo, sentirá dor nas pernas.
Com isso, outros fatores podem agravar esse sentimento de dor como fadiga, depressão, raiva, medo, ansiedade e falta de esperança e amparo. Assim, a dor impõe na pessoa limitações e barreiras no estilo de vida. Como diria minha amiga, “só o dono da dor, sabe quanto dói”. Contudo, a dor deve ser pesada na balança da vida, pois ninguém foi feito para sofrer, mas algumas pessoas ainda pensam no sofrimento como castigo de Deus. Logo, a dor deve ser ouvida e tratada dentro de suas possibilidades no campo da saúde.
artigo publicado no 21 de janeiro de 2011 na Tribuna

Desolação do Piracicaba

A beira da janela, uma garotinha olhava atentamente a chuva que castigava seu pequeno município. Já fazia uma semana, a chuva não dava trégua. A garotinha, encantada com tal fenômeno, perguntou ao pai:
- Papai, quando a chuva parar, o senhor me leva ver o rio?
O pai, pacientemente, respondeu com sinceridade:
- Sim, meu anjo, quando a chuva parar, levo você ver o rio piracicaba.
O trecho acima revela a intenção de várias pessoas que se divertiram com o espetáculo do rio piracicaba na semana passada. O rio piracicaba, verdadeiro ponto turístico, transbordou devido à vazão maior do que sua capacidade. A cidade pode assistir uma catástrofe, onde moradores de áreas de riscos ficaram ilhados ou perderam móveis em meios as águas tempestuosas do piracicaba. Após esse evento tenebroso da enchente, maior do que os anos anteriores, a pergunta que inquieta a população: será que Piracicaba, como outras cidades da região, está preparada para tais eventos da natureza? Alguns moradores afetados pela cheia do piracicaba relataram indignidade perante aos governantes, pois não houve nenhuma ação política anterior ao evento.
Logo, a vida toma seu rumo como o rio. Um novo começo é necessário. Os moradores da rua do porto, em meio à perda, são obrigados a construir novamente suas casas, mediados pela esperança e também pela ajuda da população. Que tal nossos governantes reverem as políticas direcionadas ao povo durante o verão? Basta a fé e a coragem daqueles moradores, pois nos anos vindouros a Terra terá novas transformações e novas enchentes são previstas, para isso, novos programas de políticas públicas devem ser criados e revisados.
artigo publicado no 13 de janeiro de 2011

Família e as festas

Um feliz e próspero ano novo, desejo recorrente expressado das mais diversas formas. Festas, famílias reunidas em torno de uma mesma mesa, sentimentos de alegria nas conversas rotineiras, mas como será o decorrer desse 2011? Um atento, nesse início de ano, conduz a seguinte reflexão sobre a figura da família. O que é a família? Um agregado de pessoas ou um micro círculo relacional dentro da sociedade? Para responder isso, basta recordar que nós latinos – americanos temos origens do modelo grego-romano, onde a família era unida não pelo nascimento, nem pelo sentimento ou a força física, mas pela associação religiosa diante ao culto dos antepassados e dos rituais existentes. A religião não criou a família, contudo fixou nesta as regras morais que imperaram no pensamento de seus habitantes, diversas épocas antes do cristianismo. Após o cristianismo, a família assume o caráter de igreja doméstica, uma comunidade a semelhança da sagrada família, onde deve haver um espelhamento do divino em suas ações rotineiras.
A pergunta atual é a seguinte: a família, mais que um contrato resultado do casamento, tem existência própria? Diante a tecnocracia, ao consumismo imperalista e midiático, a família tem, em suas raízes, abalos sísmicos e tempestades. Mesmo diante ao desvirtuamento dos valores morais e a desestruturação, a família ainda encontra no seio da religião um porto seguro e fiel, visto que o casamento, antes de ser apenas papéis assinados ou relações de sexos, é a família nascente.
Logo, a família, como primeira instituição, merece um cuidado especial nesse início de ano, em que concretize o diálogo vivo do amor e não se apeguem somente a meras convenções humanas como as festas em si. Que 2011 não seja só o primeiro dia, mas que nossas ações, regadas de paz e justiça, sejam perpetuadas por todo o ano vindouro.
artigo publicado dia 31 de dezembro na Tribuna

Erro de medicação

Ao discorrer sobre um assunto da atualidade, o erro humano durante o sistema de medicação mostra uma realidade a qual qualquer profissional da saúde está inserido. Toda a mídia por detrás do caso da vaselina infundida pela profissional da enfermagem traz uma pequena reflexão sobre nossas ações e o cuidado de assistência de enfermagem com qualidade.
O erro humano é matéria de diversas análises, visto ser decorrente a falhas dos processos mentais ou mesmo das condições existentes no ambiente. O profissional da saúde está fadado a uma cultura negativista, onde o erro é inadmissível, pois remete a máxima hipocrática, em primeiro lugar não cause dano. Com isso, a pergunta por detrás do erro de medicação é a seguinte: quem é o culpado, o profissional ou uma série de eventos mal elaborados?
Enquanto houver uma cultura punitiva diante o erro de medicação, onde autoridades utilizam de mecanismos de poder e censura, o profissional da saúde será visto como incompetente e imprudente em suas ações, além de despertar sentimentos de vergonha, medo e culpa. A ocorrência do erro apresenta os seguintes fatores: ambientais (barulho, calor, agitação), fisiológicos (fadiga, sono, sobrecarga de trabalho, doenças) e psicológicos (tédio, frustração, ansiedade, estresse).
O próprio COREN alega ser culpa da profissional da enfermagem, legitimando a cultura punitiva, mas será que esta auxiliar não esteve induzida ao erro de medicação devido uma cadeia de eventos mal elaborados? O rótulo da medicação pode ser semelhante, mas quando o estresse e o fadiga estão presentes o erro é possível. Logo, a prática de enfermagem deve ser garantida num ambiente seguro, livre da cultura punitiva, visto ser essencial uma comunicação de informes de erros, além de treinamentos e revisão das falhas existentes no processo de medicação, desde a prescrição até a administração por parte dos profissionais.

artigo publicado 22 de dezembro de 2010 na Tribuna