sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A chave

Andava de um lado para outro, apressado. Olhava por todos os cantos, em cima da mesa não estava também, na cômoda menos ainda. Onde fora parar? Tão pequena e valiosa, sempre permanecera junto a um pingente de sua amada avó. Fazia frio. Meio encolhido no céu, o sol tardava a brilhar forte e impetuoso, em contrapartida os ventos arrastavam qualquer lembrança do passado.
Inquieto com o sumiço, o medo assolou sua alma. “Será que souberam de sua existência e roubaram – na de mim?” Pensou Seo Pedro, um velho maquinista, aposentado. Sempre perambulava pelas praças do Planalto, recato município no interior de Goiânia. Seo Pedro viu o país crescer ao seu redor. Surpreendido com a visita de Getúlio, um político de renome nas redondezas do Planalto, Seo Pedro fora presenteado. Getúlio entregou um pequeno agrado para o simples maquinista. Desde a juventude, Seo Pedro guarda a santa relíquia. Devoção ou cuidado sempre fora prestado ao presente.
Com um suspiro de emoção, o maquinista percebeu o brilho fosco dela, em cima da pia. Apanhou a chave, agrado do presidente Getúlio para o Seo Pedro com os seguintes dizeres: “Tu és Pedro, dou –lhe a chave do progresso”. Progresso ou não, o maquinista sempre trouxe a chave como amuleto em sua vida.

Um comentário:

  1. Primo, boas metáforas no início e belo tema que abordou; manifesto ainda sobre outros assuntos por e-mail. Abção

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