segunda-feira, 2 de maio de 2011

Zé Malandro e seus causos


Lá pelas bandas da Rua do Torto, vinha perambulando um velho moço, Zé Malandro. Malandro, como era conhecido pelas redondezas, aparentava seus 40 anos, pele morena, cabelos castanhos e olhos cor de mel. Sua vida, regada a boêmia e as necessidades da carne, fazia desta figura um “bom rapaz”, sempre alegre e dado as amizades. Alguns o consideravam filósofo de bar e poeta dos cantos.
- Alvorada lá no moro que beleza... – cantarolava Malandro.
- Lá vem o poeta e suas canções – afirmou João, o guarda.
Ao redor, numa mesa de bar, estava reunida a comitiva. Dentre as figuras ilustres, João, o guarda, Zezé Moleza, Ademar Trombeta e Carlos, o poeta. Estes boêmios de velha guarda sempre se reuniam as sextas no bar do Tico, seja para uma roda de samba e chorinho ou para discutir assuntos de política, futebol e as deusas que pernoitavam ao redor.
- João, como está a vossa senhoria? – perguntou Malandro ao se aproximar da mesa.
- Malandro, a que devo a honra de sua presença entre pobres mortais? Estou de vento e polpa, agora feliz com sua companhia – respondeu o Guarda, com certa ironia.
- Carlos, em toda sua poesia, você pode me dizer qual a mais bela flor de encanto e doçura existente no mundo? – indagou Malandro.
- Certamente, uma pergunta de extrema reflexão, poesia ou não, creio que tia Mariquinha, com seus bolinhos de bacalhau têm a maioria dos votos da nossa comitiva – respondeu o Poeta.
- Amém! – confirmaram Ademar e Zezé.
Alvorada já presente, a comitiva de amigos estendia suas reflexões entre garrafas de cerveja e alguns petiscos a beira rio, mas o bolinho de bacalhau de tia Mariquinha ainda prometia uma nova prosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário