sábado, 19 de março de 2011

São Jorge e o Dragão

O por do sol se estendia na pacata Vila da Constituição. A cidadela era palco de diversos eventos entre figuras ilustres. Para completar sua pequena existência, ao redor de algumas metrópoles, os habitantes de Vila da Constituição organizaram uma grande festa, numa noite de lua cheia. Os preparativos prontos, a comida farta e os barris de cevada a animarem a festa fizeram tremendo sucesso naquela noite.
São Jorge, cavaleiro mártir de Cristo, resolveu descer até a pequena vila para se deliciar da comilança presente. O Dragão, enjoado do marasmo na lua, desceu como uma estrela cadente a procura de São Jorge. Após anos a fio, São Jorge e o Dragão travavam lutas intermináveis. O motivo de tais batalhas já se perdeu no tempo.
O mártir de Cristo perambulava pelas barraquinhas da festa, quando avistou o Dragão e disse:
- Oh criatura, por acaso, que fazes por aqui? E a lua está abandonada?
- Seu Jorge, não quero lhe ofender. Já estou calejado de nossas discussões mesquinhas. Veja os humanos, fadados pela dor e pelo pecado, festejam e se divertem continuamente. Nós, velhos rabugentos de guerra, devíamos fazer as pazes. O que acha? – ironizou o Dragão.
- As pazes?! Uma oferta irrecusável, mas lembre que como mártir de Cristo, verdadeiro Bem, sou responsável pela paz e pela concórdia da humanidade. Que tal uma trégua só por essa noite? – disse São Jorge.
- Trégua, que seja! Vamos comer, beber e amanhã, o rio segue normalmente seu curso. – disse o Dragão.
Até mesmo inimigos, comem e bebem juntos durante a festa. A noite deu lugar a aurora do dia seguinte. São Jorge e o Dragão voltaram a terra mãe, Lua encantada, e o rio seguiu o seu curso normalmente.
texto publicado pel Tribuna, no dia 18/03/11

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