terça-feira, 21 de junho de 2011

Gestação


- Júlio, Júlio...
Marina insistia para que o marido acordasse. Em compensação, ele dormia num sono profundo. Marina e Júlio estavam casados há cerca de dois anos. Ambos desejavam ter filhos, mas como o esposo viaja muito, ela resolveu adiar o evento. Quando, em meados de setembro, no aniversário da sogra (dona Osvalina, mãe de Júlio), Marina revelou estar esperando um bebê. O futuro pai, empenhado em compras e cuidados para com a sua esposa, esqueceu do escolher um nome para a criança.
- Júlio, meu anjo, acorde, está nascendo...
- Nascendo?! Há essa hora? – ele, meio abobado pelo sono, sentou na beirada da cama, sentiu algo molhado – O que é isso?
- A bolsa que estourou, vamos benzinho; que dor – Marina sentia as contrações cada vez mais fortes.
Numa euforia, Júlio atravessou o quarto com Marina ao lado, pegou as chaves do carro e ambos partiram para o Hospital Santa Felicidade. “Não dava para acreditar, como passara rápida aquela gestação. Nossa, dentro de algumas horas, vou ser papai”, pensou Júlio.
Na entrada, duas técnicas de enfermagem auxiliaram Marina, enquanto seguiam para a maternidade. O médico plantonista examinou a gestante. “Sim, tinha chegado a hora. Mais um ser humano a povoar a terra, mais um consumista, mais um... Que nome?! Nossa qual o nome da criança mesmo?” pensou Júlio.
Já na sala de parto, o esposo desesperado e indignado por ter se esquecido de escolher um nome, ouviu um choro estridente. Sua filha nasceu. O médico, vindo em sua direção para cumprimentá-lo, disse:
- Parabéns papai, então, qual o nome?
Após alguns minutos, extasiado pelo choro, de volta a realidade, Júlio responde rapidamente:
- Amélia.
- Amélia?! – estranhou o doutor.
- Sim, é homenagem para a avó de Marina.

Quando cresceu, Amélia que era mulher de verdade...

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